"Romance fervilhante de amores proibidos e intrigas palacianas, baseado numa rigorosa investigação histórica."
Expresso
"Romance fervilhante de amores proibidos e intrigas palacianas, baseado numa rigorosa investigação histórica."
Expresso
Há viagens sem regresso nem repetição
"Na verdade, o deserto não existe: se tudo à sua volta deixa de existir e de ter sentido, só resta o nada. E o nada é o nada: conforme se olha, é a ausência de tudo, ou, pelo contrário, o absoluto. Não há cidades, não há mar, não há rios, não há sequer árvores ou animais. Não há música, nem ruído, nem som algum, excepto o do vento de areia quando se vai levantando aos poucos - e esse é assustador."
"Tudo o que se diz de desnecessário é estúpido, é um sinal destes tempos estúpidos em que falamos mais do que entendemos. No deserto, não há muito a dizer: o olhar cega e impõe o silêncio."
"Aprendi que é preciso dar tempo aos outros para olharem."
"Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da Net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio, falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se, para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expôem-se logo por inteiro: fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, "leves", disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julguem poder ter o mundo aos pés, não aguentam nem um dia de solidão. Eis porque já não há ninguém para atravessar o deserto. Ninguém capaz de enfrentar toda aquela solidão."
Miguel Sousa Tavares, «No teu deserto»
"No teu deserto" tem 128 páginas e, segundo o escritor, é "quase um diário de viagem" ou "quase um romance de amor". Foi um livro que escreveu ao longo de ano e meio, "essencialmente pelo muito prazer de escrever", e que lhe causou menos sofrimento do que a escrita dos livros anteriores.
Trata-se de um curto relato de uma viagem que o autor, assumindo-se como narrador durante a maior parte da história, fez ao norte de África, tendo como companhia uma mulher que, até então, era uma desconhecida para ele. Passados vinte anos, um melancólico e saudoso Sousa Tavares recupera os detalhes daqueles dias como um tributo a essa jovem mulher (que entretanto morreu), devolvendo-lhe, através da escrita, a memória da sua existência e a do "deserto" que os uniu.
OPINIÃO:
É um livro que se lê rapidamente e sem esforço. Em alguns momentos senti que podia haver um maior desenvolvimento, tanto a nível da descrição de paisagens, situações, lugares, e até de diálogos, mas isso depende sempre das expectativas de cada um.
Gostaria que o "quase romance" de MST se tornasse num "romance" e nos brindasse com mais detalhes desta história simples e envolvente.
Apesar de tudo isso adorei o livro.
CLASSIFICAÇÃO: 4/5