Alguns momentos da obra:
"...Enquanto as pessoas são novas e as partituras musicais das suas vidas ainda só vão nos primeiros compassos, podem compô-las em conjunto e até trocarem temas (como Tomas e Sabina trocaram o tema do chapeu de coco). Porém, quando se conhecem numa idade mais madura, as suas partituras musicais já estão mais ou menos acabadas e cada palavra, cada objecto, tem um significado diferente na partitura de cada uma..."
"Para Sabina, viver significa ver. A visão encontra-se limitada por duas fronteiras: Uma luz de tal modo intensa que nos cega e uma obscuridade total. Talvez seja daí que lhe vem a repugnância por todos os extremismos. Os extremos marcam a fronteira para lá da qual não há vida, e, tanto em arte como em política, a paixão do extremismo é um desejo de morte disfarçado."
"... Franz é forte, mas a força dele está unicamente voltada para fora. Com as pessoas com quem vive, com aqueles que ama, é muito fraco. A fraqueza de Franz chama-se bondade. [...] Então perguntou a Franz: 'E porque é que de tempos a tempos não te serves da tua força contra mim?
- Porque amar é renunciar à força', disse Franz, com doçura.
Sabina percebeu duas coisas: primeiro, que aquela frase era bela e verdadeira; segundo, que, com aquela frase, Frans acabara de se desvalorizar para sempre na sua vida erótica"
"Mas o que acontecera ao certo a Sabina? Nada. Deixara um homem porque queria deixa-lo. Esse homem tinha vindo atrás dela? Tinha querido vingar-se? Não. O seu drama não era o drama do peso, mas o da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser."
MILAN KUNDERA foi distinguido com o Prémio Mundial da Fundação Simone e Cino Del Duca a 10 de Junho de 2009.
OPINIÃO:
A história acontece em Praga e em Viena, em 1968, e atravessa algumas décadas. Narra os amores e os desamores de quatro pessoas: Tomás, Teresa, Sabina e Franz.
Os personagens de Kundera neste romance são leves, Tomás colecciona encontros e relações sexuais, mas compreende que todas as suas buscas são um retorno ao mesmo, retorno a Teresa.
Teresa, por sua vez, tenta encaixar-se numa ordem, mas percebe o peso das suas ideias. Franz parece-se com Teresa, busca situar-se em algo, mas a casualidade rompe com os seus planos. Sabina parece-se com Tomás, também dança a música da casualidade dentro de um show que parece sempre ter os mesmos aplausos. Tomás e Sabina são metáforas da leveza do ser, o ser jogado dentro de uma perspectiva existencialista, seres condenados à liberdade de escolher.
De uma forma geral achei alguns capítulos do livro apaixonantes mas outros bastante aborrecidos. Talvez seja mesmo essa a mensagem que Milan Kundera pretende transmitir neste livro, a dualidade entre o peso e a leveza em cada detalhe da nossa vida.
Apesar de definitivamente não ser o livro da minha vida, vale a pena ler.
Fiquei curiosa para ler algo mais deste autor, para ficar com uma ideia mais clara da sua escrita.
CLASSIFICAÇÃO: 3/5